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Lidando com Ciúmes e a Insegurança nos Relacionamentos

  • Foto do escritor: André Felipe
    André Felipe
  • 10 de nov. de 2024
  • 4 min de leitura
Casal feliz se abraçando sentados.

Relacionamentos amorosos podem ser fontes profundas de alegria e apoio, mas também podem trazer à tona sentimentos difíceis, como a insegurança e o ciúme. Esses sentimentos, quando excessivos, não só desgastam a relação como também refletem a necessidade de autoconhecimento e crescimento individual.


No livro "Tudo Sobre o Amor", Bell Hooks nos convida a reavaliar o amor como um espaço de acolhimento, transparência e confiança. A partir dessa visão, vamos explorar como a insegurança e o ciúme podem ser entendidos e superados para nutrir relações mais saudáveis e genuínas.


A Insegurança no Relacionamento


A insegurança é um sentimento comum em muitas relações amorosas e muitas vezes surge da sensação de “não ser bom o suficiente”. Pessoas inseguras podem acreditar que, em algum momento, o parceiro pode partir ou trocá-las por alguém "melhor". Esse pensamento constante gera estresse e afeta a confiança na relação.


Bell Hooks explica que, para amar genuinamente, é necessário antes amar a si mesmo – algo essencial, mas frequentemente negligenciado. A falta de amor-próprio faz com que a pessoa busque no parceiro a validação que deveria encontrar em si mesma. Em vez de nutrir o amor como uma parceria de crescimento mútuo, a insegurança faz a pessoa se apegar de forma possessiva, com medo de perder o que lhe traz uma falsa sensação de completude.


Do ponto de vista neuropsicológico, a insegurança pode estar enraizada em experiências de vida e em associações inconscientes de ameaças. No cérebro, a amígdala, responsável por processar ameaças e medos, pode disparar em situações que pareçam, ainda que sem razão objetiva, arriscadas para o bem-estar emocional.


Quando alguém com traumas ou medos de abandono entra em um relacionamento, esses traços se manifestam em inseguranças, reativando padrões de pensamento de autodefesa.


A pessoa com insegurança, portanto, age para se proteger de uma dor que sente como inevitável. Essa autodefesa pode incluir a comparação com outras pessoas ou uma autocrítica intensa, mas, na prática, tende a prejudicar o bem-estar tanto individual quanto do casal.


Ciúmes e Vigilância: O Desejo de Controle


O ciúme é uma emoção complexa que envolve medo de perda e desconfiança. Em muitos casos, a insegurança leva a tentativas de “vigilância” no relacionamento – como checar o celular do parceiro, investigar redes sociais ou até questionar o parceiro sobre amigos e saídas. Embora a intenção seja proteger a relação, essas ações acabam minando a confiança e criando um ciclo de ansiedade e ressentimento.


Bell Hooks sugere que, quando nos falta confiança, estamos bloqueando o amor verdadeiro. Para Hooks, o amor só pode florescer onde há liberdade, e essa liberdade vem da confiança mútua. Quando tentamos controlar o parceiro, estamos, na verdade, nos afastando do amor autêntico, criando barreiras de desconfiança e posse.


O ciúme, do ponto de vista neuropsicológico, ativa as mesmas regiões cerebrais associadas ao medo e à dor física, como a amígdala e o córtex pré-frontal. Ou seja, o ciúme intenso pode se manifestar quase como uma ameaça física, disparando reações intensas. No longo prazo, o ciúme constante pode gerar uma resposta emocional intensa e frequente, desgastando o sistema nervoso e dificultando a capacidade de desenvolver empatia e flexibilidade emocional – essenciais para o amor verdadeiro.


Como Superar Insegurança e Ciúmes nos Relacionamentos?


Superar essas emoções leva tempo, mas é possível e essencial para fortalecer os relacionamentos e desenvolver um amor mais saudável. Aqui estão algumas abordagens para começar:


1. Fortalecer o Autoconhecimento – Bell Hooks fala sobre a importância de se conhecer para amar verdadeiramente. Buscar terapia, refletir sobre os próprios medos e desenvolver amor-próprio são passos fundamentais para que a insegurança e o ciúme percam força. Esse processo envolve entender as experiências que deram origem a esses sentimentos e tomar medidas conscientes para ressignificá-las.


2. Comunicação Transparente – É importante conversar abertamente com o parceiro sobre sentimentos de insegurança ou ciúme. Ao compartilhar essas emoções sem acusar ou controlar, o casal pode fortalecer a conexão e criar um espaço de apoio mútuo. A vulnerabilidade sincera gera confiança e ajuda o parceiro a entender melhor as necessidades e limites emocionais.


3. Praticar a Confiança – Construir confiança é um processo ativo. Em vez de ceder ao impulso de monitorar o parceiro, tente redirecionar o foco para atividades que ajudem a acalmar e fortalecer a relação. Bell Hooks ressalta que a confiança é a base do amor – e, assim, tentar suprimir a vigilância e a dúvida ajuda a fortalecer essa fundação.


4. Trabalhar a Resiliência Emocional – Desenvolver a capacidade de lidar com as próprias emoções torna possível gerenciar inseguranças e ciúmes de maneira mais equilibrada. Exercícios de atenção plena e de autoaceitação podem ajudar a cultivar a estabilidade emocional, reduzindo a intensidade das reações emocionais.


Casal de homens de mãos dadas.

Ciúmes e inseguranças são emoções humanas, e sua presença em um relacionamento é comum. O segredo para superá-las está em reconhecê-las e buscar formas de crescimento pessoal e emocional. Como Bell Hooks enfatiza em "Tudo Sobre o Amor", o amor genuíno permite espaço para que ambos os parceiros cresçam como indivíduos, e esse crescimento é o verdadeiro sustento do amor. Entender que o amor não é posse nem controle, mas um ambiente de apoio, ajuda a transformar o relacionamento em um caminho de autodescoberta e alegria compartilhada.


Portanto, a insegurança e o ciúme não precisam ser inimigos do amor. Eles podem, ao contrário, ser sinais de que há espaço para o desenvolvimento de um amor mais saudável. Cultivar o autoconhecimento e a confiança cria relacionamentos que não apenas resistem ao tempo, mas se tornam fontes verdadeiras de amor e realização.

 
 
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